Este projeto de pesquisa analisa como as obras de Charles Le Brun (1619-1690) – premier peintre du roi e talvez a figura mais importante do métier artístico durante o governo de Luís XIV – ajudaram a construir uma imagem do monarca como corpo político ou corpo de poder. Esta imagem apresentava o rei como a encarnação do estado e, portanto, da própria nação, que residia não em um corpo separado, mas no do próprio rei. As obras de Le Brun permitem recriar a presença de Luís XIV: mesmo ausente, ele está presente; embora no passado, ele retorna ao presente; e apesar de há muito morto, ele é revivido. Um modelo importante para a cultura e política francesas foi desenvolvido pelo Papa Urbano VIII em Roma. Minha pesquisa, portanto, também aborda seu corpo político. O objetivo é apontar possíveis diálogos teóricos com os discursos de gênero, especialmente a constituição de uma masculinidade específica dentro da sociedade de corte, e também com os estudos decoloniais, uma vez que o corpo do rei se estende sobre o projeto colonialista da França na América e impacta a criação de uma identidade afro-americana.