A presente pesquisa tem como objeto de análise figurações nas quais mulheres são representadas em ambientes laborais, todas realizadas durante o período imperial romano (aproximadamente século I ao III d.C) em Roma e Pompéia. Foram selecionados dois afrescos um deles localizado na Casa da Imperatriz da Rússia e o outro na Casa do Cirurgião, ambos em Pompéia. Além deles, dois relevos funerários localizados em Roma serão investigados: um que representa uma mulher dentro de um açougue e outro em que uma figura feminina observa um escultor realizar um altar.

A bibliografia recente acerca do trabalho romano com frequência minimiza elementos e contrastes relativos à subalternização no ambiente laboral. Como consequência, em termos metodológicos, essa pesquisa enfrenta a dificuldade de uma bibliografia pequena acerca das trabalhadoras romanas. Essa análise constata que o desapreço historiográfico no estudo dos subalternos (COURRIER, OLIVEIRA, 2022) e as estratégias teóricas contemporâneas de investigação de seus vestígios são silenciadoras e repetem uma tônica colonial. Acerca desses tópicos, metodologicamente o que esse estudo realiza é a leitura de autores e contemporâneos que debatem sobre o tema, mas analisando-os sob o ponto de vista da teoria decolonial.

O objetivo dessa pesquisa é entender, por meio da investigação das figuras femininas e do amparo da teoria decolonial, o lugar político que as suas representações sugerem e negociam levando em consideração a sua relação com o trabalho. A diferença de contexto de visualização sugere uma escolha representativa que sinaliza diferentes graus de tensão entre as pessoas representadas. As figuras escolhidas demonstram que o discurso acerca do trabalho dentro do império não era unívoco e que o contexto de visualização e também o seu público alvo são muito importantes quando se trata de análise de poder e hierarquia em Roma.