A pesquisa proposta é uma análise e leitura crítica, de cunho qualitativo, da obra do artista paraense Paulo Vitor Dias, ou PV Dias como o mesmo se identifica na internet. Partiremos de uma entrevista não estruturada realizada com o artista em 2022, bem como do portfólio cedido pelo mesmo, para refletir sobre sua obra, a arte de pessoas negras e suas vinculações com o contexto Amazônida.
Quais lugares um corpo negro pode ocupar? Onde estão os negros em ambientes de grande circulação ou “elitizados”? Quais posições esses corpos ocupam quando estão nestes lugares? A obra de PV Dias nos faz questionar como os marcadores de diferença de raça marcam espaços que corpos negros podem ocupar, ao mesmo tempo que tensiona essa relação a partir da ocupação virtual de qualquer espaço por estes corpos.
Paulo Vitor Dias (PV Dias) é um homem negro e artista visual de Belém do Pará, formado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. PV Dias tem produzido nos últimos anos para a internet e também como pintor. Atualmente é monitor de pintura no Parque Laje (RJ). Tanto em seus trabalhos para as redes sociais, especialmente o instagram (@p.v.d.i.a.s), quanto em seus quadros, o artista tem abordado a temática das musicalidades amazônicas, a partir da vivência de sujeitos periféricos, em grande parte negros e/ou afroindígenas, sendo ele mesmo oriundo de uma área periférica da região metropolitana de Belém (PA).
A partir de um instrumental teórico da decolonialidade, história social da arte e autores como Bell Hooks e Audre Lorde, propomos perceber a obra de PV Dias a partir de sua construção poética e de resistência ante a uma narrativa que antes era excludente, mas que hoje parece buscar formas domesticadas e comercializáveis da arte feita em espaços periféricos, ou por grupos marginalizados.